FAZENDA MARINHA DE ARRAIAL DO CABO É BENEFICIADA COM 50 MIL SEMENTES DE VIEIRAS  (Nodipecten nodosus)

                        Com a finalidade de apoiar o desenvolvimento da produção de moluscos, em Arraial do Cabo, a Secretaria Municipal do Ambiente fez a doação de 50 mil sementes de coquille Saint-Jacques, também chamado de vieiras, no valor de R$ 10 mil para os maricultores locais. As sementes vieram do Instituto de Eco-Desenvolvimento da Baia da Ilha Grande (IED-BIG), em Angra dos Reis. 

            As vieiras são os moluscos que apresentam maior valor comercial e sua demanda supera a oferta. E, Arraial do Cabo é o segundo maior produtor desse molusco no Estado do Rio de Janeiro, possuindo três fazendas marinhas na Praia do Forno, que pertencem a Associação dos Pescadores de Arraial do Cabo (APAC), Associação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo (AREMAC) e Associação dos Coletores e Criadores de Mariscos de Arraial do Cabo (ACRIMAC), beneficiando cerca de 30 famílias. 
            O biólogo marinho e maricultor, Giancarlo Molinari, conta que o marco zero do cultivo de moluscos no Brasil, ocorreu na década de 70, pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), em Arraial do Cabo, estimulando a produção artificial com o máximo aproveitamento da água da Ressurgência – fenômeno é caracterizado pelo afloramento de águas profundas, geralmente frias e ricas em nutrientes –, o que torna o mar de Arraial do Cabo com condições favoráveis para o cultivo de moluscos e uma grande variedade de peixes. Inicialmente foi desenvolvida a tecnologia de cultivo de mexilhões (Perna-perna) e, posteriormente, da ostra japonesa (Crassostrea gigas).
           Nos anos 80, foi realizado o repasse da tecnologia do cultivo de mexilhões para pescadores de Arraial do Cabo. Na ocasião, foram doadas balsas, redes, cordas e outros artefatos para o cultivo. A primeira produção foi comercializada com a empresa Coqueiro –S/A, quando foram enlatadas 10 toneladas de mexilhões com vistas à futura comercialização. Dez anos depois, a empresa Ostracabo Cultivo de Moluscos, além do cultivo de mexilhões e ostras, introduziu o cultivo de vieiras (Nodipecten nodosus), que continuam até hoje. 
             Atualmente, com apoio do SEBRAE através do projeto GEOR (Gestão Estratégica Orientada para Resultados) as atividades estão buscando ordenamento através de legalização de áreas e parcerias com instituições científicas. 

              De acordo com Ronald da Silva Silveira, Analista e Gestor de Projetos do Sebrae/RJ, desde 2005 a entidade vem desenvolvendo um trabalho em parceria com a SEAP, FIPAC, FIPERJ, Prefeitura, SHELL Brasil Ltda, UEPA e diversas entidades, atendendo aos maricultores da APAC, AREMAC e a ACRIMAC, visando o desenvolvimento da atividade de forma sustentável, mantendo e gerando emprego e renda com o seguinte foco estratégico: Legalização da atividade; aumento da produção com regularidade, comercialização e beneficiamento, gestão empresarial e organização dos produtores.
           A finalidade do projeto de desenvolvimento da maricultura e pesca da Região dos Lagos é aumentar a produção de forma evolutiva em 15% até dezembro de 2009, 5% até dezembro de 2010 e 5% de dezembro de 2011; aumentar o volume de vendas em 15% até dezembro de 2009, 5% até dezembro de 2010 e 5% até dezembro de 2011.

            Cultivo de moluscos em Arraial do Cabo – É uma atividade ao ar livre e ecologicamente correta em uma região privilegiada pela exuberante beleza natural sem poluir. A Fazenda Marinha beneficia o meio ambiente através do repovoamento marinho, pois serve de atrativo para crustáceos, peixes e moluscos, além de proteger o ambiente contra a pesca predatória. A espécie vieiras (Nodipecten nodosus) é um molusco nativo da costa brasileira que se alimenta de fitoplanctons. É um molusco bivalve (possui duas conchas) e hermafrodita, que vive em profundidades entre 10 e 30 metros. 
          A iguaria é muito apreciada na Europa e nos Estados Unidos, conhecido também como Ostion (Chile) e Scallop (EUA). Possui carne branca (músculo adutor) rodeado pelo órgão reprodutor (gônada) e ambos são a parte da Vieira utilizada para consumo. Macia, levemente adocicada e de sabor inigualável, rica em glicogênio, principal fonte de energia de que o organismo dispõe, além de proteína, de cálcio e de baixo teor de colesterol, o molusco contém heparina (polissacarídeo sulfatado – anticoagulante) substância importada para fabricação de remédios. Pode ser servida ao molho de manteiga, gratinada, sushis, escalopes, à milanesa, refogada com vinho, creme de leite ou de acordo com a criatividade dos Chef’s.

Fonte: Jornal O resumo.