Nosso planeta sofreu e vêm sofrendo uma acentuada intervenção humana sem precedente em toda sua história, só comparado aos maiores cataclismos de eras remotas distantes, momentos em que ocorreram mudanças radicais e definiram a erradicação de inúmeras espécies de seres vivos, mudando completamente a configuração da Biodiversidade composta dos elementos mais essenciais que define a coexistência da vida na terra.
         Hoje, entretanto, assistimos estagnados a atuação do Homo sapiens, que em busca dos benefícios apresentados pelos tecnocratas, em um consumismo implacável e imponente, e por acreditar que a própria tecnologia pode corrigir, acertar ou recompor os cenários devastado por ele, faz com que esta crença aumente ainda mais a velocidade da desarmonia.
        Há porém, inúmeras formas quantitativas e qualitativas para comprovar esta relação. O crescimento populacional, por exemplo, se multiplica em grande velocidade e desencadeia um aumento da necessidade de elementos essenciais a manutenção da vida, como alimentação, ar compatível com a respiração humana, água potável dentre outros. Concomitantemente com este crescimento incontrolável, cresce não só o consumo básico; que por si só já seria muito grave; mas o pior é o comprometimento da própria natureza, por falta de Educação Ambiental. E facilmente podemos notar que atender estas necessidades crescentes na mesma velocidade, implica diretamente em justificar a expansão territorial, eliminação de áreas antes intocáveis, ecossistemas complexos, porém frágeis, ainda pouco ou nada estudado e às vezes esquecendo que vivemos em um ambiente que pode parecer infinito, mas que é limitado, e que somos parte integrante deste sistema; não mais que uma espécie, um integrante ou um simples componente da imensa e complexa diversidade, ademais a este contexto junte o aumento de queimadas, que além da emissão de gases, elimina o biótopo original (camada de matéria orgânica que compõe a parte viva do solo) e ainda, durante a combustão que se realiza a partir dos três elementos, também chamado de triângulo do fogo: combustível = matéria orgânica, comburente = oxigênio – elemento essencial a nossa sobrevivência, consumido durante o processo e por fim o atrito (start, partida) que na maioria das vezes pode ser iniciado por um ato criminoso; não menos importante, os poluentes industrias que além de consumir nosso oxigênio em sua formação, contém em sua composição, gases de alta periculosidade e são lançados indiscriminadamente, com completo descaso, sem ao menos lembrar que os seres vivos não possuem (defesas) capacidade de filtrar ou selecionar os compostos maléficos contidos durante sua inspiração, portanto o que estiver na composição invadirá as vias aéreas de todos, inclusive daqueles que a produziram. Os resíduos indesejáveis que não permanecerem no ar vão parar no solo e serão de alguma forma carreada para os mananciais e se acumulam nos rios, lagos e mares; os quais aparentam também infinitos, mas que já apresentam graves sinais de comprometimento, em muitos já não coabitam a vida e em outros apesar da grande façanha da adaptabilidade; esta não é maior que velocidade da poluição e o contexto é: primeiro o desaparecimento dos menos adaptados, depois a escassez e enfim a erradicação da vida local, cenário cada vez mais comum em nosso dia a dia, as vezes ignorado, mas de fato ocorrido. Como seria bom se fosse somente isto, outras conseqüências tão graves podem afetar nossa biosfera e já começaram a ocorrer: como o comprometimento da camada de ozônio, efeito estufa, elevação da temperatura que conseqüentemente desgelam as calotas polares, aumentando os níveis dos mares e o desaparecimento das regiões mais baixas dos continentes e, por conseguinte a eliminação de inúmeras espécies conhecidas e outras ainda desconhecidas.
           Devemos sempre lembrar que comparativamente a uma máquina, somos inteiramente dependentes de energia para nossa combustão (respiração celular) para nosso perfeito funcionamento; assim, utilizamos combustível, normalmente de origem orgânica, só encontrado na natureza, originado a partir de outros seres vivos, neste cenário nos encontramos como predadores de fato, pois abatemos inúmeras espécies para nosso consumo, alguns destes seres conseguem produzir seu próprio alimento, através de um processo de síntese (quimiossíntese/fotossíntese) a segunda em maior escala: (processo pelo qual seres autótrofos transformam energia luminosa em energia química e armazena de diferentes formas para posterior utilização), outros seres tal como nós são também predadores e após ter acumulado energia são abatidos e consumidos e transfere esta energia.
         Contudo, não podemos dizer que tudo está perdido, pois há sempre uma esperança, mas temos que agir e logo, e rapidamente começarmos uma mudança de atitude e nos envolvermos com uma maior responsabilidade ambiental.

 

João Batista do Nascimento – Biólogo e mergulhador – 2006
Pensamento baseado em minha monografia planeta Terra